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WALL #4
Sir Beto
Podemos considerar o ano que findou como o ano de consagração do Hard Techno em Portugal.
Nomes que fomos acompanhando ao longo dos últimos anos evoluíram, outros novos dj’s apareceram e organizações fizeram com que a festa acontecesse tentando dar primazia à energia misturada com qualidade.
Nomes como Dj Sir Beto surgiram e sagraram-se neste mundo. Se podemos definir o seu trabalho numa palavra será certamente dedicação.
Aos catorze anos a música electrónica despertou-lhe a atenção. Algo que começou como um gosto pessoal transformou-se rapidamente no que esperamos poder chamar no futuro de carreira a full time.
Da usual curiosidade aos palcos bastou palavras encorajadoras, uma sede pela batida perfeita e a procura de melodias alegres, absorvendo tudo isso numa combustão espontânea de energia.
Em conversa com Sir Beto, conseguimos perceber o seu percurso, as suas influências e aspirações para o futuro.
“ A primeira festa. 2005. Tecnolandia em Viseu. Lembro-me de pensar enquanto via grandes artistas como Rush, Umek, Marco Bailey, Valentino Kanzyani, Misa Salacova entre outros, que realmente aquele trabalho (Dj) era mesmo uma arte. “
Quem gosta retorna sempre e em 2009, tendo já corrido festas de norte a sul do pais e festas internacionais decidiu que queria mais do que apenas ficar na pista de dança a aproveitar a noite. Fala-nos da sua grande amiga Candy Cox, que o incentivou a experimentar tocar visto que frequentava muitas festas dentro e fora de Portugal.
“ As coisas apenas surgiram, surgiram os primeiros “pratos” e uma mesa de mistura juntamente com umas colunas de uma pequena aparelhagem que tinha por casa. “
Passados dois anos, em 2011, actua pela primeira vez na discoteca onde teve o seu primeiro contacto com techno e hardtechno. Nervos à mistura, o Day After vibrou e tal como nos conta não poderia ter sido um começo melhor.
“Não podia ser melhor experiência, estava como se diz em “casa”.
Em 2012 produz a sua primeira track, em colaboração com o KidKiller intitulada The One. Sir Beto explica-nos que “The One surge como o próprio nome diz, a primeira. Foi em 2012 depois de uma festa onde estávamos ambos presentes. Falámos em fazer uma track para poder experimentar a parte de produção musical e foi isso que aconteceu. Foi a minha primeira produção juntamente com o KidKiller onde o feedback foi positivo. “
Um dos próximos passos será a produção tendo como ambição conseguir fazê-lo de uma forma continua, porque começa a sentir também necessidade de criar melodias que não consegue encontrar no reportório que usa ou que tem preferência em tocar.
“ Às vezes torna-se difícil porque nem sempre encontro o tipo de tracks que se adequam aquilo que quero transmitir, a razão de muitos dj’s começarem a produzir é mesmo essa. É poder produzir aquilo que realmente gosto e poder utilizar sempre nos meus Sets, juntamente com tracks de outros produtores.“
Tivemos oportunidade de abordar nesta conversa a situação da música electrónica em Portugal, principalmente de géneros como o Hard Techno e o Techno, o seu percurso e evolução nestes últimos dois anos por terras portuguesas.
“ Nomes como o de António Cunha ficarão para sempre guardados na história da música electrónica dos últimos anos em Portugal, por terem revelado uma consciência empresarial sobre a “cultura Dj” que até à data não existia, por terem trazido nomes importantes a Portugal e realizado eventos com Line-ups inesquecíveis.”
A techno scene passa por uma fase menos boa por volta dos anos 2001-2004/2005 em Portugal tendo enfraquecido e onde géneros como o Minimal Techno, o Dubstep e o Drum and Bass, entre outros começaram a causar mais impacto na noite por todo o país.
“ Se compreendermos o percurso e evolução, em 2005/2006 quando surge o Hard Techno mais ativo, as pessoas acabaram por se separar, porque uns gostavam e aceitaram bem este género musical que trazia mais energia à noite portuguesa e outros não. Isto acabou por enfraquecer as festas e a velocidade que aconteciam. Por volta de 2008/2009 acho que se conseguiu identificar um público. Felizmente, a ideia de partilhar na mesma noite os dois estilos de música foi aceite o que aumentou o fluxo de festas em Portugal. Isso deixa-me contente. Por saber que as coisas se estão a endireitar. “
A tecnologia e as suas consequências também foram abordadas. Falámos numa era digital que ninguém estava à espera, sendo esta caracterizada por uma evolução que, de tão rápida foi caótica, mas que trouxe novas possibilidades e um nível mais elevado de condições sonoras.
“ Há tantas e tantas maneiras de poder trabalhar com a música, o que ainda se torna mais interessante para o nosso trabalho, porque não estamos limitados ao Vinil trazendo às actuações e consequentemente ao público mais diversidade ou pelo menos, poder utilizar mais recursos e assim ser mais criativo. Acabam por ouvir sempre coisas novas e diferentes nos Sets. “
Podemos notar ao longo a evolução de Sir Beto que os seus Set’s estão recheados de referências de backgrounds sonoros de jogos, uma certa alusão a este tipo de ritmos electrónicos e uma procura de melodias alegres que compõem os seus sets.
“ Tento ir sempre ao encontro de ritmos alegres, de uma boa quebra com vocais ou músicas melódicas e procuro sempre que a track tenha uma boa equalização."
Abordámos também a componente estética e técnica de uma track quando falamos de produção musical:
“ Acredito que o principio básico é ter sensibilidade para procurar compor algo perfeito ou perto do perfeito. Na minha opinião existem dois princípios que podem dirigir a criação musical, o artístico e o técnico. Os princípios artísticos requerem o dom da criação e a maturação das ideias e escolhas estéticas. Depois os princípios técnicos, aquelas características sonoras que permitem trazer qualidade sonora a uma track. “
Como projectos para este ano tem a ambição de frequentar o curso de Produção Musical em Lisboa e avançar com um projeto de Techno até final do ano. Esperamos poder vê-lo e ouvi-lo muitas mais vezes neste e nos próximos anos.






