
PLURmagazine


WALL #7
KIDKILLER
A edição de Junho da PLUR é dedicada ao trabalho de quem viu o Hard Techno a evoluir e a afirmar-se enquanto género musical em Portugal. Teremos certamente de evidenciar o nome de Ricardo Bandeira, o homem por detrás do projecto KIDKILLER. Natural de Lisboa, bairrista de sangue e habituado desde pequeno a ter a música como seu despertador, conta-nos o percurso, expondo assim o seu trabalho e falando um pouco também sobre o futuro.
KIDKILLER que desde sempre acompanhou a evolução do Techno em Portugal, confessa que se pudesse mudar algo no seu caminho enquanto KIDKILLER, o artista, não mudava nada. Refere também que “ ao longo dos anos a experiencia profissional que vais adquirindo ajuda a corrigir erros, melhorando assim o nosso trabalho . Estou satisfeito com os resultados.”
Faixas como Comunication, Select your Future ou mais recentemente Terroristas fizeram com que KID se evidenciasse na produção musical e definisse o caminho que queria que o seu estilo seguisse. Conta que “ cada música é um capitulo da minha vida.. as pessoas, as festas, as alegrias e tristezas...todos os momentos são transportados para cada capitulo do meu trabalho. No fim transmito o que sinto e conto a minha história”.
Desde cedo que se recorda que a música era hábito na sua casa e recorda-se da primeira vez que entrou numa discoteca. “Tinha 16 anos e o trabalho da pessoa que punha os discos fascinou-me.“
É importante perceber que toda esta cultura de noite em Portugal começou a ganhar envolvência há cerca de 25 anos atrás. As discotecas começam a aparecer aos poucos, bem como o hábito de a frequentar e de dar espaço a géneros musicais emergentes de serem notados. KIDKILLER conta que a mesma disco que o estreia como ouvinte seria o clube que posteriormente o acolheria como Dj. “Nessa altura não havia o hábito de Dj’s correrem clubes, os eventos com vários Dj’s eram escassos...cada discoteca optava por ter os seus Dj’s residentes e esses acabavam por ser a cara da casa”
Tal como a maioria da música electrónica que emerge e se vai definindo, também o Hard Techno conheceu os seus anos experimentais, tal como KIDKILLER nos indica. Tem o primeiro contacto com o Hard Techno em 2002. “Não foi amor à primeira vista mas foi quase. Identificava-me muito com o ritmo do hard techno mas não com o conteúdo. A primeira vez que toquei como KIDKILLER foi na discoteca Via Láctea, casa onde era residente e podia ver a reacção de meia dúzia de pessoas que apareciam nessas noites. Mas não foi assim durante muito tempo...o hard techno começava a ter adeptos.”
Os tempos esses sempre serão incertos, até para a música... Depois de um boom que se fez sentir, ocasionado por uma revolução, primeiro analógica e mais tarde digital toda uma nova estrutura e indústria musical começou a estabelecer-se. Quando Ricardo iniciou o projecto KIDKILLER em 2002 o Hard Techno era um género recente em Portugal. “Às vezes fazemos coisas por gosto próprio sem a noção do que um dia pode isso pode vir a originar. Apostar em algo diferente tem 2 lados na mesma moeda. Ou não resulta e cai no esquecimento ou resulta e torna-te um ícone”.
Abordámos a maneira que géneros electrónicos como o Techno e Hard se segmentaram por terras portuguesas. KIDKILLER refere que o Techno “teve um período alto à cerca de 10 ou 15 anos.” Que está a voltar com mais consistência, qualidade e quantidade. KID viu “o techno e o hard techno a evoluir bastante nos últimos anos e esta nova geração de dj´s e produtores nacionais ainda vai dar muito que falar. São bons na sua maioria e com vontade de mostrar trabalho. Vejo uma boa continuidade para o Techno. E digo continuidade porque o techno nunca vai morrer.“ A grande diferença que encontra no avançar dos tempos é a possibilidade de se “fazer grandes festas de Techno apenas com artistas nacionais, coisa que no passado era impensável”.
O seu trabalho é marcado por ritmos fortes, com referências urbanas e até bairristas nas suas produções. São autênticas “viagens emocionais” onde “as raízes são as pessoas”. Tem a sua própria maneira de compreender o Techno e o Hard Techno e refere à PLUR que
" quando faço um tema é sempre a pensar no que o povo quer ouvir. Não me considero um Dj. Sou um produtor ou um criador que vai a festas apresentar o seu trabalho”
A PLUR quis saber também de projectos e de expectativas para o futuro. KID fala da Sunora Techno e da Sunora Recordings, Label que tem desenvolvido um trabalho activo na divulgação de house e techno por terras portuguesas. “É um projecto onde estamos empenhados em dar uma ajuda no desenvolvimento do house e techno em Portugal, dando a conhecer o trabalho de novos talentos que todos os dias vão aparecendo”.
Que venham mais dez anos é o que desejamos a KID. Sorte, criatividade e sucesso!







